Saúde mental

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Creio que meu primeiro contato com os fundamentos do taoísmo ocorreu, como acontece com a maioria das pessoas, através de símbolos conhecidos, como o Yin Yang, as “moedinhas” (ou varetas) do I-Ching, ou o Feng Shui. Se tentarmos entender o que é o taoísmo a partir desses exemplos, chegaremos a um ponto interessante para iniciar este artigo e seu vínculo com a saúde mental.

O Yin Yang é um símbolo que representa o equilíbrio, demonstrando que nada é inteiramente bom ou inteiramente mau; não existe um binarismo rígido. O I-Ching, por sua vez, é um oráculo que reúne sabedoria acumulada para explicar e antecipar acontecimentos do cotidiano, os quais se encontram em constante mutação. O Feng Shui busca melhorar o fluxo de energia em nossa casa por meio da adequada utilização do espaço e dos materiais. Cada um desses temas pode ser estudado de forma aprofundada e separadamente, mas aqui partirei de um resumo sobre o taoísmo, que é uma filosofia baseada no livre movimento da energia vital, o Chi. Nossas ações podem atuar como obstáculos para esse fluxo, interrompendo as mudanças necessárias na vida.

O taoísmo pode ser compreendido como uma filosofia de vida, e não como uma religião. Seus ensinamentos têm como princípio central a “não ação”, que é entendida como a interrupção do fluxo natural do Chi e, consequentemente, da mutação original da vida. A ação, portanto, define, estabelece uma verdade única e impõe um julgamento. De acordo com os ensinamentos do taoísmo, só há espaço para existir e criar onde há vazio, onde há possibilidade de movimento.

O Tao representa a integração do tudo e do nada; é o equilíbrio, o início e o fim das coisas. O Tao, essa plenitude de conexão com o mundo, remete à ausência de controle e à falta de poder sobre a vida no sentido de impor vontades. Não devemos forçar nossa vontade sobre os outros, nem nos tornarmos reféns do que não nos é dado. Compreender os ensinamentos do Tao nos permite utilizar recursos de acordo com a nossa própria existência.

Mas como isso se relaciona com a saúde mental, tão discutida em nossos dias?

Hoje, enfrentamos um excesso de pensamentos materiais. Pensamos constantemente no que não temos, no que queremos (mais do que naquilo que desejamos), no que precisamos fazer e no que gostaríamos que acontecesse. Sofremos com a frustração de não sermos o que desejamos ser, com o poder exercido sobre nós, com a falta de controle que sentimos em relação aos outros, e com o poder mal utilizado e o arrependimento.

Sofremos com a má utilização do tempo, com a falta de dedicação ao próximo, com ressentimentos e com o desejo de estar sempre certos. É importante ressaltar que, embora haja quem diga que é melhor ser feliz do que estar certo, essa afirmação, ao estabelecer uma ação e uma definição, acaba interrompendo o fluxo do Chi, afastando a pessoa do Tao e agindo como se estivesse certa de maneira material.

O taoísmo oferece uma filosofia de vida que pode nos guiar a uma existência mais saudável, inclusive mentalmente. Ele nos ensina que enfrentaremos dificuldades, mas que, ao nos prepararmos para elas, nada será impossível de ser vivido.

A saúde mental discutida hoje promove ações que se alinham com os princípios do taoísmo (e de outras tradições filosóficas que fundamentam religiões). Aqui estão algumas diretrizes e recomendações do taoísmo que podem contribuir para uma boa saúde mental:

  • Não aja movido por raiva ou alegria extrema;
  • Evite impor regras, pois estas exigem punições;
  • Não busque a “iluminação”; busque ser melhor, não “o” melhor;
  • Conheça as pessoas e ouça mais do que fala;
  • Conecte-se com a natureza;
  • Valorize as diferenças;
  • Viva com simplicidade;
  • Não compare seu caminho ou seus avanços com o de outros;
  • Entenda que a verdade nem sempre é bela, mas é a vida sempre acontece.

O livro que estabelece as diretrizes do taoísmo é o Tao Te Ching, supostamente escrito por Lao Tzu (o velho mestre, em tradução literal) por volta de 300 a.C. (antes da era comum). A obra consiste em 81 conjuntos de versos que simbolizam a sabedoria para uma vida longa, equilibrada e produtiva.

Esse foi um dos livros que mais impactou minha vida e se tornou a pedra angular da minha prática clínica. É fácil viver segundo esses fundamentos? Com certeza não. Mas estou aprendendo a viver sem atalhos. O sofrimento ao longo do caminho faz parte do desenvolvimento.

Artigo escrito por Mauricio Corsetti.

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Maurício Corsetti - Terapeuta e analista - Logo animado

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