Saúde mental

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Atire a primeira pedra quem nunca teve um problema em um relacionamento!

Entretanto, problemas não precisam significar o fim da relação. É essencial primeiro entender o que se deseja dela para, em seguida, propor um novo caminho que ambas as pessoas possam trilhar juntas.

Você pode perceber que há problemas no relacionamento através de sintomas como distanciamento emocional, conversas inacabadas e brigas constantes, que tendem a se intensificar com o tempo devido à dinâmica do casal.

Se há um problema na relação, ele foi causado por ambas as partes ao longo do tempo! Somos seres sociais e culturais que se adaptam ao ambiente; isso faz parte da nossa história. Ao entrar em uma relação, captamos sinais e nos ajustamos ao outro. Reconhecer que temos responsabilidades — e não apenas jogar a culpa na outra pessoa — é fundamental para construir uma relação saudável e manter nossa saúde mental.

Razões para um relacionamento não saudável

Existem muitas razões que podem tornar uma relação não saudável, como:

  • Dependência emocional: uma das partes se sente insegura e desprestigiada, aumentando a responsabilidade da outra pela própria felicidade.
  • Ciúmes e desconfiança frequente: uma pessoa começa a controlar o comportamento da outra, sentindo-se ameaçada de abandono.
  • Perda da individualidade: o medo de perder a relação leva ao abandono de si mesmo em favor da aceitação total da outra pessoa, tornando a relação fria.
  • Falta de respeito e abuso de qualquer tipo: o abuso envolve a perda de respeito e limites, o que é muito perigoso.
  • Falta de intimidade: isso ocorre quando um dos parceiros não se permite ser conhecido pelo outro, além do aspecto sexual, geralmente associado a um julgamento excessivo.
  • Acusações: sejam fundamentadas ou não, ninguém gosta de ser colocado na parede; acusações não abrem espaço para diálogos.
  • Problemas financeiros: a falta de dinheiro tende a evidenciar outros problemas, fazendo com que a tensão aumente.
  • Sexo insatisfatório: a rotina pode tornar o sexo programático, resultando em pressão sobre os papéis que cada um deve desempenhar.
  • Traições: o rompimento de um acordo vai além do sexo, gerando dor, insegurança e desconfiança. Isso vale para relações não monogâmicas também.
  • Ressentimentos: marcas do passado que permanecem na relação podem desestabilizar a dinâmica do casal.

Todas essas questões recaem sobre a mesma origem: a falta de comunicação!

Não há ninguém melhor para resolver problemas no casal do que o próprio casal, mas às vezes é necessária uma visão externa — um terapeuta qualificado pode contribuir com técnicas de comunicação não agressiva e ajudar a impor limites que foram perdidos ao longo do tempo.

Terapia de casal é coisa de gente doida?

Por que hesitamos tanto em procurar auxílio profissional? Vergonha e preconceito são as razões mais comuns. Terapia não é coisa de gente doida.

Quanto mais tempo esperamos para buscar ajuda, mais a situação se torna fora de controle e as dinâmicas se consolidam.

A terapia é uma atividade que se destina a aprofundar a reflexão sobre nossa própria vida, reconhecendo nossos limites e desejos individuais. Realizada a dois, ela oferece um canal de comunicação único, com uma observação imparcial dos fatos, não contaminada por um histórico de desentendimentos.

No entanto, não hesitamos em contar nossos problemas para amigos e colegas, que muitas vezes estão ao nosso lado para ajudar quando mais precisamos, mas recebemos apenas a validação de nossos próprios sentimentos, frequentemente contaminada por uma perspectiva unilateral. Quase sempre, isso não acontece por maldade, mas pelo desconhecimento de práticas terapêuticas ou pelo medo de perder a amizade.

Veja que nenhuma relação é perfeita, e sempre haverá algo que pode atrapalhar a dinâmica. A chave é entender essa dinâmica e como as partes interagem para criar um todo; uma mudança individual não transformará a relação — é como uma dança que só funciona se ambos estiverem no mesmo ritmo. A mudança de um deve ser acompanhada pela mudança do outro. Hoje, as relações estão permeadas por idealizações que constroem um sonho nunca realizado, algo que você pode saber mais sobre isso lendo esta artigo sobre ideologia e saúde mental.

Nesse contexto, em que tudo parece urgente e individualizado, e onde as redes sociais influenciam nossas interações, sofremos uma série de pressões que prejudicam nossa compreensão do outro. O estresse e as dificuldades do cotidiano nos levam a focar apenas em nossos problemas imediatos, esquecendo que nossos comportamentos afetam a atitude do outro. Muitas vezes, acreditamos que estamos fazendo o bem ao poupar a outra pessoa de ansiedade e desgastes, mas, na verdade, estamos nos isolando e alimentando a imaginação de quem se sente abandonado ou esquecido.

Como a terapia de casal funciona?

Nas sessões de terapia de casal — que ocorrem exclusivamente com a presença do casal e NUNCA com apenas uma das partes — buscamos abrir um canal de comunicação saudável. Juntos, vamos compreender um ao outro sem agressões ou vitimismo, criando um ambiente que pode ser replicado fora da terapia. Vamos explorar a origem dos comportamentos e crenças estabelecidas, em busca de novas formas de agir diante das dificuldades.

Assim como nas sessões de terapia individual, a terapia de casal também é guiada pela filosofia da diferença, um conceito desenvolvido por Deleuze e Guattari na década de 1960. Este conceito aborda como as pessoas se prendem às suas identidades e papéis, deixando de ser seres orgânicos, vivos e mutáveis, que podem se ajustar ao seu ambiente.

Ao reconhecer que somos indivíduos diferentes, podemos buscar o re-apaixonamento por nós mesmos e pelo outro, promovendo uma nova fase de descobertas que o casal pode vivenciar.

Não há um prazo específico para implementar isso; cada pessoa do casal é única e singular e reagira diferentemente aos estímulos e descobertas. O que importa é o desejo e a ação para que os resultados sejam visíveis. Quanto mais desejo de mudança, maior será a energia colocada..

E quais são os resultados?

Os resultados dependem das pessoas envolvidas no processo. O resultado pode ser a manutenção ou o término da relação, ou ainda a construção de uma nova forma de se relacionar.

Existem casais que desejam se separar, mas não conseguem; outros querem continuar juntos, mas não conseguem enxergar como. Algumas pessoas possuem relacionamentos abertos e querem fechá-los, enquanto outras desejam o oposto. Há quem mantenha relacionamentos à distância e, ao se encontrarem, enfrentem desentendimentos, enquanto outros não conseguem se afastar em uma viagem de trabalho sem brigar. Cada relação é única e agrega experiências singulares!

Não cabe ao terapeuta ter uma visão definitiva ou uma verdade absoluta sobre o que é bom para o relacionamento do outro. O trabalho foca no que é saudável ou não, no que gera sofrimento ou alívio. Quando há comunicação aberta sobre os desejos mútuos e possibilidades de melhoria, cria-se cumplicidade.

Muitas vezes, usamos a palavra “cúmplice” em um contexto criminal, referindo-se à pessoa que nos ajuda a cometer um delito; é quem nos apoia e está ao nosso lado. E se o “crime” que desejamos cometer for viver plenamente como um casal em uma época de extrema individualização? A outra pessoa está disposta a assumir os mesmos riscos?

 

Artigo escrito por Mauricio Corsetti.

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